segunda-feira, 28 de abril de 2014

Dois anos de BC

Há dois anos estava me redescobrindo: era o dia do meu BC.
Depois de 1 mês de transição e de 7 meses da última química, finalmente chegou o dia de ir pro cabeleireiro.
Que espera sofrida, já não aguentava mais ver aquelas pontas lisas "enfeiando" os cachinhos da minha nuca.
E lá fui eu, com medo por não conhecer o cabeleireiro "e se ele não tivesse paciência?".
Mas mainha foi comigo e deu tudo certo. Ele cortou metade do comprimento (ficou com medo porque eu disse que nunca tinha tido cabelo curto), e como eu disse que queria cortar tudo (estava decidida), ele terminou o corte feliz da vida.

E desde então me descubro um pouco a cada dia. E me amo mais a cada dia.
Não é simples, não é milagre, mas vale muito a pena ser quem você é.
Aconselho.

Não sei como meu cabelo ficará daqui pra frente, se vai crescer pra cima ou pra baixo (acho que vai ser pra baixo, agora) ou se os cachos vão abrir um pouco por causa do peso.
É triste não ter a mínima lembrança de como meu cabelo era.
Mas compenso isso com a alegria de me reconhecer no espelho hoje. Com a alegria de ser livre.

A sensação que tenho é que passei a vida toda de cabelo preso, mesmo usando cabelo solto dos 13 aos 29, época em que fazia permanente afro.
O cabelo estava solto, mas eu não estava. Estava presa ao processo de relaxar a raiz ou refazer o permanente inteiro a cada dois ou três meses, mesmo com medo de ficar careca.
Por isso não uso turbante. Não uso muito puff. Acho lindo, mas me prende. Não dá pra mim.
Twist só por um dia, no dia seguinte, já estou me sentindo presa, sentindo que não sou eu "cadê meu black power?". Gosto de ter um black definido, mas elétrico, daquele que parece que a pessoa levou um choque. Esta sim, sou eu.

Obrigada a todos que contribuíram (e contribuem) para a descoberta e manutenção do meu EU.


Beijos.

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